Taxa Selic a 14,25%: por que a alta?

A Taxa Selic subiu de 13,25% para 14,25%, o que já é o maior patamar desde agosto de 2006. E, neste artigo, resolvi te explicar qual o contexto para esta alta.

20/3/2025 9:50
capa do artigo

Na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) desta semana, chegamos ao quinto aumento consecutivo na Taxa Selic. A decisão foi por uma nova alta de 1 ponto percentual, o que levou a taxa básica de juros de 13,25% para 14,25%. 

As estimativas dos especialistas do mercado financeiro eram praticamente unânimes quanto a esta alta. O próprio Copom, na ata da última reunião em janeiro, já sinalizava esta alta:

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”.

Trata-se do maior patamar desde agosto de 2006, quando a taxa estava em 14,75%. Sendo assim, este é o histórico mais recente da Selic, puxando o ano de 2024 até agora:

  • Janeiro/2024: 11,75% → 11,25%
  • Março/2024: 11,25% → 10,75%
  • Maio/2024: 10,75% → 10,50%
  • Junho/2024: 10,50% → 10,50%
  • Julho/2024: 10,50% → 10,50%
  • Setembro/2024: 10,50% → 10,75%
  • Novembro/2024: 10,75% → 11,25%
  • Dezembro/2024: 11,25% → 12,25%
  • Janeiro/2025: 12,25% → 13,25%
  • Março/2025: 13,25% → 14,25%

Bora entender quais os motivos que levaram a Selic a 14,25%? 

Inflação acima da meta

Este é, possivelmente, o principal fator para a alta. O IPCA, que é a inflação oficial do país, fechou o ano de 2024 em 4,83%, o que representa um valor acima do teto da meta inflacionária. 

Mas, para a tomada de decisão, não se olha apenas a inflação passada e sim as projeções futuras. E aí está a maior preocupação: As projeções para a inflação brasileira seguem muito altas.

No Boletim Focus desta semana, a projeção do IPCA caiu de 5,68% para 5,66% em 2025. Apesar desta leve queda, o índice segue muito acima do teto da meta, que é de 4,5%. E o dado concreto já divulgado no momento é este: 

O IPCA fechou em 1,31% em fevereiro, segundo dados do IBGE, o que é o maior patamar para o mês em 22 anos e representa um índice de 5,06% no acumulado de 12 meses. 

Esses índices só mostram que o país não está conseguindo cumprir a meta inflacionária, demonstrando falta de controle sobre os preços. E o Banco Central enxerga na Taxa Selic o principal modo para conter as pressões inflacionárias.

  • Quanto mais alto o juro, maior o freio na economia, para frear também a inflação.
  • Quanto mais baixo o juro, mais eu incentivo a economia e, talvez, eu “aceite” a inflação mais alta.
  • E existe o juro neutro, que seria o “meio do caminho”, o equilíbrio, quando você não está acelerando e nem freando a economia. 

Cotação do dólar alta

Tubarão, você lembra a última vez em que o Dólar esteve abaixo dos R$ 5,50? Foi na metade de setembro do ano passado. Sim, a cotação da moeda norte-americana tem se mantido acima desta marca há bastante tempo, o que impacta nos preços aqui no Brasil.

Assim, os investidores optam por não colocarem recursos no nosso país, o que pressiona a cotação do Real X Dólar e desvaloriza o câmbio aqui. 

A alta da Selic é uma forma que o Banco Central enxerga para tornar os investimentos no Brasil mais atrativos para o dinheiro que vem de fora. Ou seja, estamos falando de um estímulo para a entrada de dólares no país, a fim de conter a desvalorização cambial.

Falta de soluções para as contas públicas

O Brasil é um país com dificuldades em manter um orçamento equilibrado, pois gasta mais do que arrecada. Sabe qual é o efeito disso, Tubarão? O mercado duvida que o governo brasileiro seja capaz de controlar seus gastos.

Por isso, o Banco Central enxerga no aumento da Selic: 

  • Uma forma de mostrar aos investidores que há, pelo menos, um cuidado com a inflação. 
  • Uma resposta para os investidores, que enxergam mais risco ao investir por aqui (pedindo juros mais altos).

Juros dos EUA em patamar alto

A semana foi de Super Quarta no mercado financeiro. O Fed (Federal Reserve) se reuniu e decidiu pela manutenção da taxa de juros dos Estados Unidos no intervalo entre 4,25% e 4,50%. Este intervalo é considerado um patamar muito elevado para os juros dos EUA. Quais os efeitos disso no Brasil? 

Lembre-se que somos um país emergente e, com a taxa de juros alta lá, os investidores tendem a tirar recursos daqui e alocá-los nos títulos públicos norte-americanos (treasuries). É aquilo: o dólar é considerado uma moeda mais forte, o que faz com que o Brasil seja “obrigado” a subir a Selic para continuar com juros “atraentes”.

Aproveitando que o tema está em alta, eu também preparei um vídeo especial para te contar tudo sobre a Super Quarta do mercado financeiro, que você pode conferir abaixo:

E aí Tubarão, gostou de ficar atualizado sobre o que está acontecendo no mercado financeiro? Então, continue acompanhando as notícias do mercado financeiro aqui no blog e nas minhas redes sociais.

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