A Selic foi mantida em 15% pelo Copom, encerrando o ciclo de aperto monetário. Mas, o que está por trás dessa decisão? E o que pode acontecer daqui para frente?
Tubarão, viu que ontem teve mais uma definição da Taxa Selic? E foi a Super Quarta do mercado financeiro, que trouxe manutenções nas taxas de juros do Brasil e dos Estados Unidos.
No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a Taxa Selic em 15%. Já nos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve) manteve a taxa no intervalo entre 4,25% e 4,50%.
Bora entender qual o contexto destas mudanças?
A manutenção da Selic em 15% já era esperada pelo mercado financeiro. Inclusive, na ata da reunião anterior (em junho), o Copom já antecipava:
“[...] uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”.
E isso se confirmou. E, a seguir, vou te contar alguns dos fatores que influenciaram esta decisão…
Se você olhar para as projeções de inflação recentes, especialmente no Boletim Focus, verá que essas estimativas estão em quedas consecutivas. Apesar disso, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), considerado a inflação oficial do país, ainda está bem acima da meta do Banco Central.
A projeção desta semana para o IPCA em 2025 está em 5,09%, o que é bem acima da meta central de 3,0%, que seria considerada cumprida se oscilasse entre 1,5% e 4,5%.
Agora entrando nos dados concretos: o IPCA do mês de junho fechou em 0,24%, segundo o IBGE. Com isso, temos uma inflação acumulada de 5,35% dentro do período de 12 meses, o que demonstra falta de controle sobre os preços.
Com estes 5,35% e o fato da inflação estar longe da meta por 6 meses seguidos, o Presidente do Banco Central enviou uma carta ao Ministro da Fazenda, que é o Presidente do CMN, explicando o porquê a inflação não foi cumprida:
Detalhe: essa carta só é enviada quando a meta de inflação não é cumprida. Ainda assim, o Copom decidiu por colocar um leve pé no freio nos juros do Brasil para observar os efeitos da Selic em 15%.
Enquanto isso, nos EUA, o Presidente Donald Trump assinou um decreto que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros. Ou seja, a tarifa sobre produtos brasileiros agora é de 50%...
E este Tarifaço tem efeitos sobre o aumento dos preços aqui. Produtos como petróleo, aço, aeronaves e café, que são importantes para nossas exportações aos EUA, podem perder competitividade. E sabe o que pode acontecer?
Diminuição das exportações = Real desvalorizado = Maior pressão na inflação.
É outro fator que pesa na Selic... O Brasil continua gastando mais do que arrecada e os déficits mensais mostram isso com clareza. Desta forma, as dúvidas de que o governo brasileiro é capaz de controlar seus gastos ficam ainda mais fortes.
E a Selic num patamar elevado (que é o caso, mesmo com a manutenção) seria a resposta aos investidores que enxergam mais risco ao investir por aqui (pedindo juros mais altos) e para acalmar os ânimos.
A ideia é sempre trazer mais investimentos/dólares para cá. Se mais dólares entrassem aqui no país, o Real ficaria mais valorizado. Mas, a realidade é que a cotação do Dólar aqui não fica abaixo dos R$ 5,00 faz tempo…
Então, o Banco Central tenta manter a Selic lá em cima para atrair recursos/investimentos (dólares) para o Brasil. Mas, é só a Selic em patamar alto que faz entrar dólares (investimentos) aqui?
NÃO, porque daí era só manter os juros sempre lá em cima que os investimentos viriam. Os grandes investidores também procuram segurança fiscal, segurança institucional e segurança jurídica. Aí eu te pergunto, Tubarão: O Brasil oferece isso? NÃO…
Eu te falei acima, mas agora vou retomar: A reunião do Fed (Federal Reserve) desta quarta-feira (30) manteve os juros dos EUA no intervalo entre 4,25% e 4,50%.
Esse nível, para os padrões americanos, já é bem elevado. E com os EUA oferecendo mais segurança e menos risco, muitos investidores preferem deixar o dinheiro lá do que trazer para cá, mesmo que os juros brasileiros sejam maiores. Assim, a manutenção dos juros do Brasil em 15% é a tentativa de manter os recursos/dólares por aqui.
E aí Tubarão, percebeu que a decisão de manter a Selic em 15% não é só uma conta matemática? Ela leva em conta: pressões inflacionárias persistentes, inflação desancorada das metas, câmbio pressionado, incerteza fiscal, risco político, cenário externo instável. Gostou de se atualizar sobre o mercado? Continue acompanhando aqui o blog e as minhas redes sociais.
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