Aversão à perda: o que é e como contornar?

A aversão à perda é a tendência humana de valorizar mais as perdas do que os ganhos equivalentes, influenciando decisões conservadoras e emocionais das pessoas.

13/6/2023 17:30
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Foto: Site Pixabay

Tubarão, para entender a aversão à perda, pensa que você está em um jogo em que precisa acumular pontos. A cada ponto que ganha, você sente uma satisfação moderada. Porém, a cada ponto que perde, você experimenta uma grande frustração.

Essa aversão à perda faz com que você se concentre mais em evitar perder pontos do que em ganhar novos pontos, tornando suas ações mais defensivas e conservadoras, mesmo que isso limite seu potencial de pontuação total.

E aí, bora entender sobre este assunto das finanças comportamentais?

O que é aversão à perda?

A aversão à perda é um conceito da teoria econômica e comportamental que descreve a tendência humana de valorizar mais as perdas do que os ganhos equivalentes. Em outras palavras, as pessoas tendem a experimentar emoções mais intensas quando perdem algo em comparação com o que sentem ao ganhar algo de valor igual.

A aversão à perda foi amplamente estudada e documentada pelo psicólogo Daniel Kahneman e seu colega Amos Tversky. Segundo a teoria prospectiva, proposta por Kahneman e Tversky, as pessoas têm uma tendência natural a evitar perdas a qualquer custo, mesmo que isso signifique não buscar ganhos potenciais. 

Essa aversão é considerada uma forma de viés cognitivo, pois pode levar a decisões irracionais ou subótimas.

Um exemplo comum da aversão à perda é observado em investimentos financeiros. Muitos investidores tendem a tomar decisões mais conservadoras quando se trata de vender ações ou ativos que estão em queda, com receio de materializar uma perda. 

Da mesma forma, eles podem se sentir mais relutantes em correr riscos quando se trata de buscar oportunidades de ganho.

A aversão à perda tem implicações em várias áreas da vida, incluindo economia, finanças, tomada de decisões e comportamento humano em geral. Compreender esse viés pode ajudar a explicar por que as pessoas tendem a ser mais cautelosas e relutantes em correr riscos quando se trata de evitar perdas, mesmo que isso possa resultar em oportunidades perdidas de ganho.

Para que serve a aversão à perda?

A aversão à perda desempenha um papel importante em várias áreas da vida e pode ter influências significativas no comportamento humano. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a aversão à perda pode afetar as pessoas:

  • Tomada de decisões financeiras: A aversão à perda pode levar as pessoas a tomar decisões mais conservadoras quando se trata de investimentos e finanças. Ela pode fazer com que os investidores evitem assumir riscos, mesmo quando há uma possibilidade de ganhos consideráveis. Isso pode resultar em estratégias de investimento mais seguras, mas também pode impedir o aproveitamento de oportunidades de crescimento.
  • Prevenção de danos: A aversão à perda pode motivar as pessoas a tomar medidas para evitar danos ou perdas potenciais. Por exemplo, pode levar a comportamentos de segurança, como usar cintos de segurança, instalar sistemas de alarme em casa ou adquirir seguro. A preocupação com a perda pode aumentar a conscientização e incentivar a prevenção de riscos.
  • Tomada de decisões pessoais: A aversão à perda pode influenciar as escolhas pessoais em diferentes áreas da vida, como relacionamentos, carreira e estilo de vida. As pessoas podem evitar assumir riscos em relacionamentos, por medo de sofrer perdas emocionais. Da mesma forma, podem optar por opções mais seguras em suas carreiras, evitando a possibilidade de fracasso.
  • Negociação e comportamento de mercado: A aversão à perda também pode ser observada em situações de negociação e em mercados financeiros. As pessoas podem ser mais relutantes em assumir riscos e podem estar dispostas a fazer concessões maiores para evitar perdas. Esse fenômeno pode afetar as dinâmicas de negociação e ter implicações nas decisões tomadas durante transações comerciais.

É importante notar que a aversão à perda não é uma característica universal e que o grau de aversão pode variar de pessoa para pessoa. No entanto, em geral, a aversão à perda tem sido amplamente observada e pode desempenhar um papel significativo em muitos aspectos da vida cotidiana.

Qual o impacto da aversão à perda nos investimentos?

A aversão à perda pode ter um impacto significativo nos investimentos. Aqui estão alguns dos principais efeitos observados:

  • Investimentos conservadores: Devido à aversão à perda, os investidores tendem a preferir opções de investimento mais conservadoras, que apresentam menor risco de perda de capital. Eles podem optar por investir em ativos de baixo risco, como títulos do governo ou contas bancárias, em vez de buscar investimentos mais arriscados, como ações ou investimentos em startups. Isso pode resultar em retornos mais baixos ao longo do tempo, uma vez que ativos de menor risco geralmente têm menor potencial de ganho.
  • Vieses de comportamento: A aversão à perda também pode levar a vieses comportamentais prejudiciais aos investimentos. Por exemplo, os investidores podem se apegar a ações perdedoras por mais tempo do que o necessário, na esperança de recuperar suas perdas. Esse comportamento, conhecido como "efeito dotação", pode resultar em perdas adicionais e impedir que os investidores aproveitem oportunidades mais lucrativas.
  • Reações emocionais exageradas: A aversão à perda pode levar a reações emocionais exageradas às flutuações do mercado. Os investidores podem ficar excessivamente preocupados com a possibilidade de perdas e tomar decisões impulsivas, como vender ações rapidamente em resposta a uma queda do mercado. Isso pode levar a uma realização prematura de perdas e a um impacto negativo nos retornos a longo prazo.
  • Investimentos irracionalmente conservadores: Em alguns casos, a aversão à perda pode levar os investidores a adotar estratégias excessivamente conservadoras, como manter a maior parte de seus ativos em dinheiro ou em investimentos de baixo retorno. Embora essa abordagem possa proteger contra perdas imediatas, também pode limitar as oportunidades de crescimento e reduzir os retornos no longo prazo.

É importante reconhecer que a aversão à perda é apenas um dos muitos fatores que influenciam o comportamento dos investidores. Outros fatores, como horizonte de investimento, objetivos financeiros e tolerância ao risco, também desempenham um papel importante na tomada de decisões de investimento. 

Profissionais financeiros muitas vezes trabalham com os investidores para ajudá-los a entender e gerenciar sua aversão à perda de forma a construir uma estratégia de investimento equilibrada e adequada às suas necessidades.

Como contornar a aversão à perda?

Contornar a aversão à perda pode ser desafiador, pois é um viés cognitivo enraizado na natureza humana. No entanto, aqui estão algumas estratégias que podem ajudar a lidar com a aversão à perda:

  • Educação financeira: Aumentar seu conhecimento e compreensão sobre investimentos e finanças pode ajudar a reduzir a aversão à perda. Ao entender melhor os princípios de investimento, risco e retorno, você pode tomar decisões mais informadas e confiantes.
  • Diversificação: A diversificação é uma estratégia de investimento que envolve a distribuição de seus investimentos em várias classes de ativos e setores diferentes. Isso pode reduzir o risco geral de perda, uma vez que um único investimento com desempenho inferior não terá um impacto significativo em seu portfólio como um todo.
  • Horizonte de investimento a longo prazo: Ter um horizonte de investimento a longo prazo pode ajudar a reduzir a preocupação com flutuações de curto prazo no mercado. Investimentos a longo prazo tendem a apresentar um desempenho melhor ao longo do tempo e podem permitir que você aproveite os benefícios do crescimento do mercado.
  • Consultar um profissional financeiro: Trabalhar com um profissional financeiro qualificado pode ser benéfico ao lidar com a aversão à perda. Eles podem fornecer orientação personalizada, ajudá-lo a desenvolver uma estratégia de investimento adequada às suas metas e necessidades específicas, e fornecer uma perspectiva objetiva em momentos de volatilidade do mercado.
  • Prática de mindfulness e controle emocional: A aversão à perda muitas vezes é impulsionada por emoções, como o medo e a ansiedade. Praticar mindfulness e técnicas de controle emocional pode ajudar a diminuir a intensidade dessas emoções e permitir uma tomada de decisão mais racional e equilibrada.
  • Ajuste gradual do perfil de risco: Em vez de adotar uma abordagem totalmente conservadora ou arriscada, pode ser útil ajustar gradualmente seu perfil de risco. Comece com uma alocação de ativos mais conservadora e, ao longo do tempo, vá aumentando gradualmente a exposição a investimentos mais arriscados à medida que se sente mais confortável.

Lembre-se de que a aversão à perda é um aspecto natural do comportamento humano, e é improvável que seja completamente eliminada. No entanto, ao adotar estratégias e técnicas adequadas, você pode aprender a gerenciar e minimizar os impactos negativos da aversão à perda em suas decisões de investimento.

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