O que significa o congelamento de preços e qual o problema?

É um tema bastante atual e que está acontecendo no Brasil. Saiba tudo sobre o congelamento de preços e o porquê ele pode ser um problema para um país.

1/7/2022 16:05
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Foto: Site Eurodicas

O congelamento de preços sempre gera um debate macroeconômico e é um tema de extrema importância na vida de cada um. Não só importante, como é atual, pois isso está acontecendo no Brasil.

Por isso, guarde bem este artigo com você, porque será bem esclarecedor e completo. Vamos inclusive retomar alguns conceitos que você já deve ouvir falar bastante para melhor contextualizá-lo. E é conteúdo de prova, então preste atenção!

O que significa o congelamento de preços?

Quando um governo resolve congelar os preços, significa que ele está fixando um preço máximo para produtos. Isso ocorre temporariamente e se busca dar maior acesso aos produtos e bens, mesmo que haja escassez.

Por conta disso, preciso retomar a um conceito bem importante: o de inflação. Este nada mais é que um aumento nos preços de bens e produtos, o que você já deve estar percebendo a relação com o congelamento de preços logo de cara.

E o brasileiro pode ser considerado sim como um especialista em inflação, tanto que outros países vêm aqui estudar o modo como lidamos com a inflação.

Qual o problema de congelar preços?

Como você deve estar imaginando, congelar preços pode trazer uma série de problemas, dentre os quais crise de desabastecimento, mercado clandestino, longas filas, entre outros. Ao se congelar preços, também fica mais dificultado o trabalho de mensuração da própria inflação.

Em curto prazo, é uma alternativa que pode dar certo, mas no longo prazo sempre se mostra como uma opção errada.

No vídeo abaixo, explico melhor sobre o porquê do congelamento de preços ser um problema:

Quando foi criado o congelamento de preços?

A história a respeito do congelamento de preços nos faz retomar ao ano de 301 d.C., na Roma Antiga, em que o imperador Diocleciano fez uma imposição a todos os domínios romanos.

Tratava-se de um edital visando estabelecer um limite de preços para uma certa lista de mercadorias e serviços. E aí está talvez o primeiro registro sobre congelar preços.

Quando ocorreu o congelamento de preços?

Mas a decisão por congelar preços não parou por aí: a Revolução Francesa é a nossa parada da vez, mais especificamente a ditadura jacobina. Nela, houve a criação da Lei do Preço Máximo, que nada mais é que um congelamento de preços de produtos básicos.

Nos Estados Unidos também aconteceu, durante a Segunda Guerra Mundial, por meio da OPA (office of price administration), que controlava os preços fazendo frente à inflação que crescia em vários países no período.

Mas, em 1971, mais especificamente no dia 15 de agosto, aconteceu de novo. O então presidente Richard Nixon fez o anúncio que, durante 90 dias, estariam congelados preços e até mesmo salários.

A Argentina parece que adora um congelamento de preços e de salários. Na década de 80, quando a inflação no país atingia o nível 1000% ao ano, congelou-se preços e salários. Mais recentemente, em 2013, durante o governo da Cristina Kirchner, foram congelados preços de eletrodomésticos, combustíveis e produtos de supermercado.

E, por fim, em 2019, a opção pelo congelamento foi novamente feita para conter a inflação elevada, desta vez pelo presidente Mauricio Macri. E foi uma longa lista, com destaque para 60 produtos básicos e a proibição de novos aumentos de tarifas nos serviços públicos.

E claro, não poderíamos deixar de falar do Brasil. Para isso, vamos retomar à década de 80 e 90, em que o país vivia uma era de hiperinflação. Houve Planos Cruzados I e II, Plano Bresser, Plano Verão, Plano Collor.

Especialmente no governo Sarney, os preços foram bastante congelados para conter a inflação. Só para você ter uma ideia, em março de 1989, a inflação chegou a 84%. Já pensou um índice desses nos dias atuais?  

E, mais recentemente, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, falou sobre um novo congelamento de preços: “Nova tabela de preços só em 2023. Travem os preços, vamos parar de aumentar os preços em dois, três meses. Nós estamos em uma hora decisiva para o Brasil”.

Na prática, esse discurso mostra que os donos de supermercado poderiam dividir a margem de lucros com a população. E será que é isso mesmo que ocorre? Essa é uma solução viável?

Já vou te adiantar a resposta: NÃO! Não é fazendo o supermercadista pagar o preço que vai se resolver a inflação. Outro exemplo: feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. Lá, foi recomendado para o povo que comessem menos.

Já pensou, um dos feriados mais tradicionais de um país e mandar que as pessoas comam menos? Sendo que é clássico que tenham grandes banquetes. E mais uma vez, não é mandando as pessoas comerem menos que vai se resolver o problema da inflação. Inflação se resolve com políticas sérias.

E pense no seguinte cenário: atualmente, o mundo inteiro praticamente está precisando/ já lutando contra a inflação, pois ela está generalizada. Claro, cada país com seu contexto próprio.

Para entender a partir de um conceito melhor, a inflação pode ser considerada como um descasamento entre oferta e demanda.

E, assim, retomamos novamente à época do Governo Sarney, quando ele apareceu em uma rede de televisão para falar sobre um “congelamento total dos preços de bens, tarifas e serviços”.

Porém, como você já deve imaginar, seria necessário alguém para fiscalizar tudo isso. Foi então que Sarney resolveu delegar que cada um da população fosse ao mercado fiscalizar os preços.

Só que a partir disso, surge um novo problema com os valores, pois se para de produzir certas coisas. Sendo assim, acontece um desabastecimento e, consequentemente, a criação de um mercado paralelo.

Esse assunto do congelamento de preços, da inflação e da retomada à história destes dois termos na economia mundial foi tema do nosso Podcast “Papo de Tubarão”, que você pode ver abaixo:

Em outras palavras, se um produto não está em um lugar, ele estará em outro e é só ali que você vai comprar. Sim, isso aconteceu no Brasil no final da década de 80 e início da década de 90. E você está entendendo ou relembrando o cenário, caso tenha vivido nestes anos?

Com isso, o que se pode concluir é que a opção de congelar preços se mostra como uma medida artificial.

Mais uma coisa: na época, a moeda na mão perdia tão rapidamente o valor de compra que seria preciso investir isso em algo que subiria o preço. E então por isso ficou a prática de se fazer rancho em mercado logo após receber o salário, ou seja,  as compras do mês enchendo o seu carrinho.

Em outras palavras, se estocava alimentos em casa por conta do medo de não ter futuramente ou dinheiro para comprar ou até mesmo os próprios produtos.

Outra consequência é a ideia de ter carros usados com ágio, o que quer dizer que eram carros usados com preços acima dos carros zero. E o motivo por trás disso é que, ao comprar um carro zero, você vai recebê-lo entre 15 e 30 dias.

Em outras palavras, este tempo de espera é bem ruim, pois acaba tendo a inflação quando o carro chega para o comprador. Um exemplo é o carro usado custar 50000 cruzeiros e você ver o carro zero custando 45 mil cruzeiros. Estes 5.000 cruzeiros a mais representam a disponibilidade do bem, no caso o carro.

E tudo isto dentro de um cenário hiperinflacionário. Isto aconteceu na pandemia agora em 2021, com os ranchos principalmente.

E aí Tubarão, aprendeu um pouco mais sobre o congelamento de preços? Está se sentindo melhor contextualizado e o porquê disso ser um problema? Espero que eu tenha te ajudado com este artigo, ainda mais que isso é conteúdo de prova. Aliás, se você ainda não é meu aluno, venha fazer um dos meus cursos!

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